Quando li a notícia no UOL confesso que não acreditei. O texto falava sobre a aprovação do garoto no "vestibular agendado" da instituição e, pior, falava que os pais queriam batalhar para que o garoto pudesse cursar a faculdade. Ao lado, uma foto do garoto de terno e gravata e, abaixo, sua declaração, falando que pretendia se formar com 12 anos e ser juiz com 18. Hein?
Não sei o que é pior:
1) Seria o fato de o garoto ter se inscito e feito a "prova agendada" sem nenhum questionamento ou estranhamento por parte dos funcionários da instituição de ensino?
OU
2) Seria o fato dos pais do pobre garoto acharem que ele devia, sim, fazer a faculdade e dizerem que era "vontade dele"?
Depois, Luciana Gimenez chamou os pais e alguns especialistas em direito, psicologia e educação para opinarem. Luciana dizia: "Meu deus, mas ele é muito inteligente, passou num vestibular para Direito, está preparado!" "Meu filho também é genial, ele passará em Harvard, em Stanford!" e outras pérolas. Os pais da criança me meteram medo, orgulhosos que só eles, como se o filho fosse um futuro Eistein, como se tivesse realmente, feito algo muito grande. E também diziam o tempo todo que o garoto deveria, sim, poder fazer o curso, que ele poderia cursar as disciplinas mais pesadas, como Medicina Legal, quando já estivesse mais velho, "com 12 anos", disse a mãe. Hein? Não viam que o filho apenas é um garoto inteligente, com uma inteligência comum a qualquer garoto da idade dele inteligente, que foi vítima de um processo de seleção mal feito e, pior, eles encorajavam o garoto, parecendo não se darem conta da bizarrice contida no fato de almejarem ver o filho junto a jovens maiores de 18 anos, que estão em outra fase social e até mesmo sexual da vida. O que ele ouviria? Como se encaixaria neste grupo? Como se encaixaria no grupo escolar próprio de sua idade, após iniciar este convício com os mais velhos?
Fico pensando: esses pais devem ser frustrados pois o garoto é inteligente, então por que não apoiá-lo e não terem a consciência de que ele pode, aos 18 anos, entrar numa faculdade com mais prestígio do que Unip? E eles insistem, colocando na cabeça da criança uma ilusão desnecessária. Não quero ser injusta, mas fica parecendo que queriam, com isso, apenas aparecer. Porém, pensaram que apareceriam de maneira positiva, mas apareceram de maneira extremamente negativa, passando por tolos enganados e megalomaníacos.
O problema central, a questão central neste evento, diz respeito às instituições de ensino brasileiras e, mais especificamente, às instituições particulares.
Quanto custa o ensino? O que fazer com o problema do ensino como mercadoria?
Aguardo sua opinião.
Postado no http://cogitoergosum.zip.net em 16/03/2008.
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2 comentários:
[Elis] [http://revelandosegredos.kit.net]
Cris, A prova que a educação no nosso país ta degradante todo mundo já tem. Agora me preocupa o que farão com a inteligencia desse menino, só leva-lo em programas como da Luciana Gimenez, tenha dó ne?
19/04/2008 22:29
Comercialização da educação e da vida privada, acho que a questão toda gira em volta dos $$$. Me preocupo não somente com a exposição, sim com a pressão que esse jovenzinho passa a carregar, mesmo que seja um gênio (tá ele tem 8 anos, mas passar no processo seletivo da UNIP... ser sabatinado no programa da Gimenez...tsc, tsc, tsc...), sinceramente não acho que seja. Grandes chances de podar uma mente inteligente com grandes chances no futuro. Deixa o garoto.
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