quinta-feira, 1 de maio de 2008

Seria Lula o anticristo e o PT a sua alcova? E seriam o cientistas sociais os culpados pelos males da humanidade??














Eu não ia comentar o assunto aqui porque a proposta deste espaço não é o debate sobre eventos pontuais. Porém, em virtude do grande número de pessoas quem têm me perguntado o que penso sobre o caso apelidado de “Mensalão”, tecerei aqui um comentário muito breve sobre o assunto.

Em primeiro lugar acho muito engraçado o tom com que muitas pessoas me perguntam sobre o caso. E sei que muitos dos meus colegas de profissão têm passado pelo mesmo. Pelo fato de eu ser cientista social e, pior, por estudar Ciência Política, as pessoas deduzem que:

(a) Sou de extrema esquerda.

(b) Sou petista

(c) Tinha culpa quando o ex-Presidente FHC fazia algo que as pessoas não aprovavam porque, afinal, ele era um “Sociólogo” (palavra que costumava ser proferida em tom de desdém)

(d) Tenho culpa pelos eventos que vem acontecendo no atual governo, e que são considerados negativos por essas pessoas, porque trata-se de um governo “de esquerda” e petista

Minha atitude frente à questão dos partidos políticos é puramente profissional- acadêmica. Não sou afiliada a nenhum partido político exatamente para que mais tarde, ao tecer alguma crítica, não venham me dizer “Ah, ela fala isso pq há 20 anos atrás era afiliada do partido tal” ou ainda “Nossa, mas que traíra, como pode criticar este governo se no passado foi afiliada deste partido?”

Paridos políticos...

Numa sociedade de massa, o papel dos partidos políticos não é mais o de política de classes. Nessa nossa sociedade os partidos também se massificaram. Eles têm ampliado ao máximo as agendas a serem trabalhadas exatamente para atrair o maior número de votos possíveis, de todas as classes econômicas e profissionais. Existe, também, a questão das alianças partidárias sem as quais o governo se torna simplesmente impossível. Os partidos são, hoje, o que se poderia chamar de “máquina de arrecadar votos”. Essa é a verdade. Entendo a revolta frente às – graves – denúncias de corrupção que vêm eclodindo no atual governo. Afinal, o PT é o partido cujos membros participaram de uma espécie de “sonho revolucionário da classe trabalhadora”, sempre tão comprometido com a verdade, a transparência e a honestidade. E sempre gosto de lembrar, também, que ser oposição é relativamente fácil, difícil é ser situação. Continuo a achar que a subida do PT ao posto maior da República está sendo um grande exercício de Democracia no nosso país. Desde a maneira pacífica com que ocorreu a transição até pelo fato de a transição no poder ser algo altamente desejável numa Democracia. Some-se a isso o fato de a oposição (o PT foi considerado por anos a “oposição por excelência”), finalmente, encarar o papel de situação e compreender, com isso, a importância de críticas construtivas quando se está do outro lado da mesa. O papel da oposição numa Democracia é importantíssimo, ele é regulador e traz à tona assuntos de interesses como políticas públicas que podem facilmente serem esquecidas pelos governantes se não houver uma oposição forte e consistente, que defenda estes pontos. Ser oposição e ficar criticando a situação de maneira irresponsável é, também, algo muito prejudicial á própria imagem da classe política e, em última instância, à Democracia. Se o PT e todos os outros partidos compreenderam qual é o papel que devem desempenhar enquanto partido de oposição, isso só o tempo dirá.

Agora sobre o caso do Mensalão... muitas pessoas sempre foram contra o governo PT e/ou Lula, e agora se encontram deleitados com essas acusações, entoando o mantra: “Eu não falei???” aos quatro cantos. Não apoio a compra de votos em nenhuma situação, e muito menos a corrupção, seja ela qual for. Porém, ficar horrizado como se a corrupção fosse algo inerente ao atual governo, já é demais. Meu sonho, bem como o da maioria dos cidadãos, é viver em um país justo e ético, livre dos males da corrupção. Porém, quer queira, quer não queira, ela está aí muito viva na nossa sociedade, arraigada em praticamente todos os níveis e também na política. Aliás, eu ousaria dizer que a política é o habitat por excelência da corrupção. E aqui cairemos novamente na questão de accountability, maior envolvimento dos cidadãos em fiscalizar seus eleitos, blá, blá, blá. O caso da compra de votos está aí, não é o primeiro governo em que ele acontece, foi denunciado por motivos vergonhosos, absolutamente todos os envolvidos devem ser punidos, sobretudo no julgamento da opinião pública (isso que é o mais difícil).

Agora, atribuir a corrupção ao atual governo simples e puro, isso não. Devagar com o andor.

Resta saber qual a lição que os partidos políticos e, mais ainda, os cidadãos tirarão deste episódio.


Postado no http://cogitoergosum.zip.net em 28/06/2005.

Um comentário:

Cris Pironi disse...

[vagner ]
como algums disseram acima merece palmas muito bom seu texto e apoio vc na sua opnião

11/07/2005 20:52

[André]
eu entendo o q vc disse mas nas suas linhas leio um resto de esquerdismo e defesa de um partido corrupto e que traiu a confiança dos eleitores brasileiros. isso é muito vergonhosopro pais.

11/07/2005 14:04

[Grazy(BH)] [http://www.novaversao.zip.net]
Oi Cris....com certeza você foi perfeita em seu comentário. As pessoas agora cismam em afirmar ser esse escândalo apenas do governo Lula, o que é uma total ignorância. Mas brasileiro tem memória curta e não se lembra de tudo o que já aconteceu no passado. Daqui alguns anos, a maioria da população esquecerá esse tal de "Mensalão". Mas o que fazer? Nada. Os que mais falam e reclamam são os que menos lutam pelos seus direitos, pela justiça, pela verdade. Bjins

01/07/2005 02:41

[Sassy]
Só vou dizer clap clap clap clap... tirou as palavras da minha boca, não tenho nem o que comentar.

28/06/2005 20:12