quinta-feira, 1 de maio de 2008
Novo endereço de Blog!
A mudança para este endereço ocorreu porque pretendo fechar minha conta no UOL, e fiquei com receio de que apagassem meu blog, com meus posts e os comentários brilhantes feitos por leitores mais que especiais.
Hoje, 1° de maio de 2008, o Blog Cogito, ergo sum no endereço http://cogitoergosum.zip.net tem 1690 visitas. Agradeço a todos e peço que continuem a ler meus posts, originados da minha vontade de me expressar com a intenção de interagir e aprender com você, leitor.
Seja bem-vindo, a casa é sua! :o)
O "causo" do gênio de 8 anos que passou em Direito na Unip
Não sei o que é pior:
1) Seria o fato de o garoto ter se inscito e feito a "prova agendada" sem nenhum questionamento ou estranhamento por parte dos funcionários da instituição de ensino?
OU
2) Seria o fato dos pais do pobre garoto acharem que ele devia, sim, fazer a faculdade e dizerem que era "vontade dele"?
Depois, Luciana Gimenez chamou os pais e alguns especialistas em direito, psicologia e educação para opinarem. Luciana dizia: "Meu deus, mas ele é muito inteligente, passou num vestibular para Direito, está preparado!" "Meu filho também é genial, ele passará em Harvard, em Stanford!" e outras pérolas. Os pais da criança me meteram medo, orgulhosos que só eles, como se o filho fosse um futuro Eistein, como se tivesse realmente, feito algo muito grande. E também diziam o tempo todo que o garoto deveria, sim, poder fazer o curso, que ele poderia cursar as disciplinas mais pesadas, como Medicina Legal, quando já estivesse mais velho, "com 12 anos", disse a mãe. Hein? Não viam que o filho apenas é um garoto inteligente, com uma inteligência comum a qualquer garoto da idade dele inteligente, que foi vítima de um processo de seleção mal feito e, pior, eles encorajavam o garoto, parecendo não se darem conta da bizarrice contida no fato de almejarem ver o filho junto a jovens maiores de 18 anos, que estão em outra fase social e até mesmo sexual da vida. O que ele ouviria? Como se encaixaria neste grupo? Como se encaixaria no grupo escolar próprio de sua idade, após iniciar este convício com os mais velhos?
Fico pensando: esses pais devem ser frustrados pois o garoto é inteligente, então por que não apoiá-lo e não terem a consciência de que ele pode, aos 18 anos, entrar numa faculdade com mais prestígio do que Unip? E eles insistem, colocando na cabeça da criança uma ilusão desnecessária. Não quero ser injusta, mas fica parecendo que queriam, com isso, apenas aparecer. Porém, pensaram que apareceriam de maneira positiva, mas apareceram de maneira extremamente negativa, passando por tolos enganados e megalomaníacos.
O problema central, a questão central neste evento, diz respeito às instituições de ensino brasileiras e, mais especificamente, às instituições particulares.
Quanto custa o ensino? O que fazer com o problema do ensino como mercadoria?
Aguardo sua opinião.
Postado no http://cogitoergosum.zip.net em 16/03/2008.
Corrida presidencial nos EUA
Nada está definido, mas os últimos números apontam para uma vantagem de Barack Obama sobre Hillary Clinton. Pesquisas de opinião têm apontado uma vantagem de Obama sobre Clinton de mais de 10 pontos percentuais e Chris Dodd manifestou seu apoio a Obama. Dodd é o primeiro dos pré-candidatos democratas a apoiar Obama, mas analistas políticos acreditam que John Edwards deverá fazer o mesmo.
Ataques não têm faltado nesta disputa democrata, o que não é novidade no cenário político americano, onde a estratégia de atacar o oponente durante a campanha é algo corriqueiro.
Pensando, agora, na vitória do candidato democrata à corrida final pelo cargo de maior poder em todo o mundo, é interessante notar como ambas as opções trarão mudaças significativas na história política daquele país. Ou ganha uma mulher ou ganha um negro. É bem verdade que Clinton representa a continuidade, a perpetuação do clã dos Clinton no poder, enquanto Obama traz o novo, a renovação. Mas, ainda assim, ambos representarão uma mudança. Será interessante ver uma mulher ou um negro à frente da presidência dos EUA, e isso traz uma renovação na fé democrática. A subida de uma mulher ao posto máximo da nação em um mundo ainda machista, ou de um negro em mundo ainda racista é, sem dúvida alguma uma vitória. Os EUA ganham, a democracia ganha, todos nós ganhamos.
Postado no http://cogitoergosum.zip.net em 27/02/2008.
Balanço
Aqui estou eu depois de 2 anos e 2 meses! Q absurdo, nem parece que tanto tempo se passou...
Muitas coisas aconteceram na minha vida, algumas péssimas, horríveis, como o falecimento do meu pai e outras fabulosas, ligadas à minha vida pessoal e profissional.
Quando escrevi o último post o mestrado nem havia começado ainda, e agora aqui estou eu, na reta final! Claro que os acontecimentos do ano passado atrapalharam um pouco o andamento da minha vida acadêmica, estava tudo muito produtivo e subitamente me vi tendo que deixar os estudos um pouco de lado... Então, agora no dia 21/01/2008, finalmente, eu qualifiquei! Participaram da minha banca os Profs Drs Cícero Araújo e Wagner Mancuso. Medo, aflição, insegurança, afinal, é a primeira vez em que nosso trabalho é efetivamente lido e avaliado por gente de peso... mas quer saber? A-DO-REI!!!!!!!! Acho q devíamos qualificar todos os semestres e sempre com uma banca do gabarito da minha. Foi excelente, com dicas, direcionamentos, enfim, estou muito feliz, apesar de ter visto o desafio do tema que escolhi, que envolve democracia, valor eqüitativo das liberdades políticas e financiamento de partidos políticos e campanhas eleitorais. Simples, muito simples. Mas, também, o que é a vida da gente sem um bom desafio,não é mesmo? No próximo post conto um pouco mais sobre a minha pesquisa.
De resto é isso, voltar (ou pelo menos tentar) à ativa e vamo que vamo: vamos em frente que atrás vem gente!
Que 2008 seja um ano de muitas alegrias e realizações, e que a ignorância sucumba e o bom senso prevaleça.
Um grande beijo a todos.
Postado no http://cogitoergosum.zip.net em 18/02/2008.
Torcer pelo time ou torcer o pescoço de alguém? Eis a questão.
No sábado, dia 17/12 fui dormir bem tarde (ou bem cedo, como queiram), como é de direito de qualquer cidadão livre. Na manhã do domingo, dia 18/12, fui acordada com um grito, num auto-falante, ou sei lá o quê: “SÃOOOOOOO PAAAAULOOO!!!” E aí começou uma baderna horrível, gritaria, pessoas tentando virar ônibus, pessoas batendo em carros, enfim, tudo que possa haver de mais deplorável. E havia, também, um carro com auto-falantes que repetia incansavelmente: “PÁRABÉNS TORCIDA INDEPENDENTE, PARABÉNS!”
E lá, deitada na cama, apertando a cabeça com o travesseiro para abafar o som e em sobressalto a cada fogo de artifício que soltavam, fiquei pensando neste, digamos, “fenômeno”.
Acho que gostar de um esporte, de um time é, até mesmo, saudável. Mas fico pensando nesses torcedores “fanáticos”, nessas torcidas organizadas. A impressão que tenho é a de que se trata de pessoas que, carentes de uma realização pessoal de grande vulto, transferem seu desejo de serem “alguém” para o time de futebol, para os jogadores. E se matam em nome dessa paixão, destroem vidas e bens de terceiros. E os jogadores? Oras, os esportistas rodiziam dentre os diversos times de acordo com seu interesse profissional e financeiro. Enquanto os esportistas, que ganham milhões, jogam e seguem suas vidas, os torcedores apaixonados chegam a um tamanho grau de cegueira que faz com que confundam suas vidas com a do seu time, com que, não raras vezes, percam a noção do moral e socialmente aceitável e prejudiquem outras pessoas. Violência, infelizmente, é um termo facilmente associado à tais torcidas.
Tenho aqui em casa um livro de sociologia sobre torcidas organizadas. Assim que me sobrar um tempinho prometo lê-lo e comentar aqui as minhas impressões.
Ressalto aqui que o que me moveu a iniciar essa discussão foi o ocorrido aqui perto de casa, mas este é um fenômeno que poder ser observado na grande maioria dos países.
O que você pensa sobre esta questão?
PS: É importante ressaltar que não estou, em hipótese alguma, querendo dizer que este seja um problema somente dos torcedores do São Paulo. A observação nos permite constatar que este é um fenômeno generalizado, independente de time e, como já foi apontado no texto, verificado em diversos países.
Postado no http://cogitoergosum.zip.net em 21/08/2005.
Caros amigos!
Caros amigos,
É com enorme satisfação que venho até este meu quase não visitado, porém por mim adorado, BLOG falar que passei no Mestrado :o) Aêeee!!!
Agora é trabalhar duro e procurar produzir algo que, efetivamente, possa trazer algo de bom para a sociedade. Afinal, como já dizia o poeta, "quem tem um sonho não dança" rs.
Grande beijo a todos.
Postado no http://cogitoergosum.zip.net em 21/12/2005.Pequena pausa
Aos poucos, porém valiosíssimos amigos que acompanham esta humilde página,
Não ando atualizando meu BLOG porque ando mergulhada nos assuntos da prova de Mestrado e, como vocês sabem, esse tipo de avaliação ceifa a criatividade e a inspiração hehehe. Mas é verdade, as idéias me fluíam melhor quando eu apenas pensava na confecção do projeto, mesmo até porque aí você estuda o que gosta e o que realmente interessa.
Bom, chega de explicações! Em resumo peço desculpas pela minha falta de atualização e peço aos meus amigos que torçam por mim, para que este BLOG possa ser enriquecido com o Mestrado. Caso contrário vou ter que tratar de assuntos de Marketing aqui! hehehe.
Beijo a todos.
Postado no http://cogitoergosum.zip.net em 21/08/2005.
Povo ou ralé?
“É possível sustentar que, embora criminoso ou estúpido o objetivo que a norma democrática pode alcançar em um determinado conjunto de fatores históricos, a vontade do povo deve prevalecer, ou, pelo menos, que não deve ser contrariada, exceto de maneira sancionada pelos princípios democráticos. Mas, nesses casos, é muito mais natural falar em ralé em vez de povo, e combater-lhe a criminalidade ou estupidez por todos os meios disponíveis.” (Joseph A. Schumpeter - Capitalismo, Socialismo e Democracia)
Acho ótima essa frase de Schumpeter contida em seu livro Capitalismo, Socialismo e Democracia, de 1942.
Existem várias visões da Democracia e uma delas é a da Democracia como método político, incapaz de um fim em si mesmo. Daí surgem aquelas situações em que processos claramente democráticos podem levar a resultados indesejados. Citemos como exemplo casos de perseguição a minorias (políticas, religiosas, etc), aprovados pela maioria. Se uma determinada decisão é tomada de acordo com o método democrático, é garantido que ela será justa? Evidentemente não. E aqui adentramos no terreno da justiça, o terreno do que é moralmente aceitável e ético.
Mas o que chama mais a atenção no trecho transcrito acima é a questão do povo, de quando ele adota uma postura que o faz deixar de ser povo para tornar-se “ralé”.
Existe aquela questão: freqüentemente quando estão em grupo as pessoas agem e adotam certas posturas em desacordo com suas crenças individuais. Em outras palavras, muitas vezes quando fazem parte de um grupo as pessoas se portam de uma maneira que jamais se portariam se estivessem sozinhas. O problema maior ocorre quando, motivados pela opinião pública, os cidadãos passam a tomar/apoiar decisões prejudiciais ao andamento de uma sociedade mais justa.
Afinal, como evitar que o povo incorpore a referida “ralé”? Como combater a “criminalidade ou estupidez”?
Postado no http://cogitoergosum.zip.net em 24/07/2005.
Irresistível!!!
Pessoal, procurando a imagem para o post sobre Malufismo, me deparei com esta sátira e não poderia deixar de compartilhá-la com vocês. Lembrem-se de que este snehor também disse q as professoras não eram mal remuneradas, mas sim mal casadas... Lamentável...
Postado no http://cogitoergosum.zip.net em 14/07/2005.
Partidos políticos II - a missão
Recebi diretamente vários comentários de amigos leitores a respeito de meu texto sobre Lula e PT.
Uns alegaram que eu estava sendo branda com Lula e/ou PT, outros diziam que nem sempre a corrupção foi tamanha e outros disseram q eu tinha uma visão errada do PT. É uma pena que estes leitores não manifestem sua opinião sob a forma de “pitaco” aqui no BLOG, pois assim todos os leitores teriam acesso a essas opiniões, o que enriqueceria muito nosso debate.
O que me preocupa ainda é a visão das pessoas de que o PT é muito diferente dos outros partidos. Procurei ser o mais clara possível no que se refere à minha opinião sobre partidos políticos. Não defendo o PT e nem nenhum outro, e também não os ataco além do necessário. Para tentar esclarecer um pouco isso que procurei passar, vou transcrever aqui um texto do UOL com a opinião do cientista político Walder de Góes.
Em tempo, também sugiro a leitura do livro Esquerda e direita no eleitorado brasileiro, de André Singer.
"Um partido é de esquerda só até ser eleito", diz cientista político
Da Redação
O Partido dos Trabalhadores comemora hoje 25 anos de vida. Os que estão no governo, incluindo o presidente Lula, claro, admitem que governar é bem mais complexo do que fazer oposição. E os que estão mais longe do poder, os da ala mais à esquerda do partido, dizem que o PT perdeu o rumo. A festa ficou pra março, pelo menos depois que já se souber quem é o presidente da Câmara. O partido tem mais de 800 mil filiados, governa 411 prefeituras, três Estados e, por enquanto, tem a maior bancada da Câmara: 90 deputados.
Para o cientista político Walder de Góes, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos, o PT está num processo de amadurecimento comum aos partidos de esquerda que chegam ao poder. "O PT ainda não amadureceu. E 25 anos é insuficiente para seres humanos e também para instituições criarem juízo. Mas o PT está vivendo um processo acelerado de transformação".
O analista contou a Lillian Witte Fibe que em 89, depois da primeira derrota de Luiz Inácio Lula da Silva, ele já acreditava que o partido estava passando por mudanças. "Cometi um erro, porque seriam necessárias mais duas derrotas para que o PT fizesse uma trajetória parecida com a que aconteceu em outros lugares do mundo. Por exemplo na Itália, com o Partido Comunista, e na Inglaterra, com o Partido Trabalhista. Esses partidos migraram da esquerda para o centro e criaram uma nova identidade".
Questionado se existe espaço para partidos de esquerda no Brasil e no mundo, Góes foi categórico: "um partido é de esquerda só até ser eleito".
O PT está fazendo o que se esperava?
Walder de Góes disse que o PT se surpreendeu com a magnitude da tarefa política que pegou pela frente. "Eles foram pegos de surpresa, não sabiam que era tão exigente. Talvez tenhamos de dar mais tempo para que o partido amadureça".
Ele lembrou que o PT tem evitado grandes plenários para não bater de frente com a militância. "Se pensarmos na convenção nacional do PT, que se reunirá em setembro, mais da metade está mais à esquerda do que o governo Lula. O partido está transitando da esquerda para o centro, o que significa uma mudança ideológica muito importante".
PT e PSDB são diferentes?
Para o cientista político há uma disputa programática no centro entre PT e PSDB. "A diferença ideológica entre eles é muito pequena. O PT concorda com o compromisso macroeconômico, mas acredita mais fortemente que através da ação estatal possa promover crescimento econômico e distribuição de renda. Já o PSDB tem uma postura mais liberal, com menos força do Estado".
Segundo Walder de Góes, o centro é a faixa dominante e sairá vencedor quem conseguir fazer seu melhor papel. "Se um PT com sua marca histórica ou um PSDB que saiba se distinguir da social democracia pregada pelo PT. Porque o virou também uma social-democracia. Há uma identidade disputada pelos dois partidos. É uma briga interessante".
Página da web: http://noticias.uol.com.br/uolnews/brasil/entrevistas/2005/02/10/ult2614u86.jhtm
Postado no http://cogitoergosum.zip.net em 11/07/2005.
Diálogos da Classe Média II - Malusfismo
- Ai, mas esses políticos não prestam mesmo, hein.
- Verdade... roubam, ficam só viajando, vagabundeando, e não fazem nada.
- Verdade, por isso que eu sinto saudades do velho e bom Maluf...
- Com toda certeza, afinal, ele rouba mas faz!
Postado no http://cogitoergosum.zip.net em 06/07/2005.
Seria Lula o anticristo e o PT a sua alcova? E seriam o cientistas sociais os culpados pelos males da humanidade??
Eu não ia comentar o assunto aqui porque a proposta deste espaço não é o debate sobre eventos pontuais. Porém, em virtude do grande número de pessoas quem têm me perguntado o que penso sobre o caso apelidado de “Mensalão”, tecerei aqui um comentário muito breve sobre o assunto.
Em primeiro lugar acho muito engraçado o tom com que muitas pessoas me perguntam sobre o caso. E sei que muitos dos meus colegas de profissão têm passado pelo mesmo. Pelo fato de eu ser cientista social e, pior, por estudar Ciência Política, as pessoas deduzem que:
(a) Sou de extrema esquerda.
(b) Sou petista
(c) Tinha culpa quando o ex-Presidente FHC fazia algo que as pessoas não aprovavam porque, afinal, ele era um “Sociólogo” (palavra que costumava ser proferida em tom de desdém)
(d) Tenho culpa pelos eventos que vem acontecendo no atual governo, e que são considerados negativos por essas pessoas, porque trata-se de um governo “de esquerda” e petista
Minha atitude frente à questão dos partidos políticos é puramente profissional- acadêmica. Não sou afiliada a nenhum partido político exatamente para que mais tarde, ao tecer alguma crítica, não venham me dizer “Ah, ela fala isso pq há 20 anos atrás era afiliada do partido tal” ou ainda “Nossa, mas que traíra, como pode criticar este governo se no passado foi afiliada deste partido?”
Paridos políticos...
Numa sociedade de massa, o papel dos partidos políticos não é mais o de política de classes. Nessa nossa sociedade os partidos também se massificaram. Eles têm ampliado ao máximo as agendas a serem trabalhadas exatamente para atrair o maior número de votos possíveis, de todas as classes econômicas e profissionais. Existe, também, a questão das alianças partidárias sem as quais o governo se torna simplesmente impossível. Os partidos são, hoje, o que se poderia chamar de “máquina de arrecadar votos”. Essa é a verdade. Entendo a revolta frente às – graves – denúncias de corrupção que vêm eclodindo no atual governo. Afinal, o PT é o partido cujos membros participaram de uma espécie de “sonho revolucionário da classe trabalhadora”, sempre tão comprometido com a verdade, a transparência e a honestidade. E sempre gosto de lembrar, também, que ser oposição é relativamente fácil, difícil é ser situação. Continuo a achar que a subida do PT ao posto maior da República está sendo um grande exercício de Democracia no nosso país. Desde a maneira pacífica com que ocorreu a transição até pelo fato de a transição no poder ser algo altamente desejável numa Democracia. Some-se a isso o fato de a oposição (o PT foi considerado por anos a “oposição por excelência”), finalmente, encarar o papel de situação e compreender, com isso, a importância de críticas construtivas quando se está do outro lado da mesa. O papel da oposição numa Democracia é importantíssimo, ele é regulador e traz à tona assuntos de interesses como políticas públicas que podem facilmente serem esquecidas pelos governantes se não houver uma oposição forte e consistente, que defenda estes pontos. Ser oposição e ficar criticando a situação de maneira irresponsável é, também, algo muito prejudicial á própria imagem da classe política e, em última instância, à Democracia. Se o PT e todos os outros partidos compreenderam qual é o papel que devem desempenhar enquanto partido de oposição, isso só o tempo dirá.
Agora sobre o caso do Mensalão... muitas pessoas sempre foram contra o governo PT e/ou Lula, e agora se encontram deleitados com essas acusações, entoando o mantra: “Eu não falei???” aos quatro cantos. Não apoio a compra de votos em nenhuma situação, e muito menos a corrupção, seja ela qual for. Porém, ficar horrizado como se a corrupção fosse algo inerente ao atual governo, já é demais. Meu sonho, bem como o da maioria dos cidadãos, é viver em um país justo e ético, livre dos males da corrupção. Porém, quer queira, quer não queira, ela está aí muito viva na nossa sociedade, arraigada em praticamente todos os níveis e também na política. Aliás, eu ousaria dizer que a política é o habitat por excelência da corrupção. E aqui cairemos novamente na questão de accountability, maior envolvimento dos cidadãos em fiscalizar seus eleitos, blá, blá, blá. O caso da compra de votos está aí, não é o primeiro governo em que ele acontece, foi denunciado por motivos vergonhosos, absolutamente todos os envolvidos devem ser punidos, sobretudo no julgamento da opinião pública (isso que é o mais difícil).
Agora, atribuir a corrupção ao atual governo simples e puro, isso não. Devagar com o andor.
Resta saber qual a lição que os partidos políticos e, mais ainda, os cidadãos tirarão deste episódio.
Postado no http://cogitoergosum.zip.net em 28/06/2005.
A Democracia dos antigos combina com o mundo moderno?
Hoje vou falar de um assunto que é bastante discutido em Ciência Política, a questão da comparação entre o tipo de Democracia que vigorava antigamente (na Grécia, que se entenda bem) e a que vigora nos tempos modernos.
Quando pensamos em Democracia nos dias de hoje, a primeira coisa que nos vem à cabeça é a imagem do dia das eleições. Cidadãos enfileirados, aguardando para exercer seu ato maior de cidadania política: o direito de voto. Essa imagem nos vem à cabeça porque a Democracia que adotamos atualmente é a representativa. Em outras palavras, no dia das eleições nos dirigimos aos postos de votação e depositamos na urna um pedaço de papel (ou digitamos algumas teclas) que contém o nome do candidato ou do partido político que desejamos ver exercendo a política em nosso nome. Nosso papel limita-se a votar no dia das eleições e, no melhor dos casos, a acompanhar o desempenho de nosso candidato e/ou partido político para que possamos ser capazes de repetir nosso voto ou “punir” aqueles que não exerceram seu papel como deveriam, não mais votando neles.
Quando os antigos pensavam em Democracia, a imagem que lhes vinha à cabeça era totalmente diferente desta. A imagem que lhes vinha à cabeça era a de uma multidão reunida numa praça e deliberando sobre os assunto políticos pertinentes à sociedade. Para eles a Democracia era a chamada Democracia Direta.
Muitas pessoas criticam a Democracia dos modernos, dizendo que a Democracia real é aquela em que o povo participa diretamente. Isso é verdade? Com certeza não. O termo “Democracia” engloba muito mais do que apenas a questão do “como deliberar”. Ela engloba questões de participação, mas também de competição política, de defesa de direitos e liberdades, tudo que, por definição, não encontraremos numa Tirania.
Aos que fazem essa crítica proponho o seguinte exercício: imagine se nos dias de hoje vigorasse a Democracia Direta. Pensemos no Brasil. E nem é preciso pensar na questão da deliberação em nível nacional. Pensemos em nível municipal, pensemos na cidade de São Paulo. Imaginem a cena: cerca de 16 milhões de pessoas se encaminhando para uma praça (e que praça!) para deliberar sobre a questão da violência, da corrupção, dos impostos... e isso dia após dia. Acho que isso é algo inimaginável.
Com a escala populacional que os países alcançaram, o exercício da Democracia Direta tornou-se algo impensável. Mas como fazer com que a população continue envolvida com política, mesmo tendo quem delibere em seu lugar? Baterei sempre na mesma tecla: através da democracia direta realizada em pequena escala, nos bairros, nas escolas, nas pequenas associações. Os antigos chamavam de “idiotas” as pessoas que viviam ilhadas em seu pequeno mundo particular, totalmente alheias ao que se passava em sua volta, à política, por assim dizer. Ouso aqui dizer que hoje vivemos num mar de “idiotas”. Como fazer com que a democracia direta seja exercida por pessoas que acham “muito trabalhoso” acompanhar esporadicamente o desempenho de seu candidato para saber se deve ou não votar nele novamente nas próximas eleições?
E não falo aqui das pessoas menos favorecidas (a estas seria preciso dar, primeiramente, a condição de comer, morar e estudar dignamente), mas sim dos integrantes das classes média e alta, médicos, engenheiros, comerciantes.
Outro dia, numa das minhas andanças por uma livraria, folheei um livro e me deparei com a seguinte afirmação: o azar das pessoas que não gostam de política é serem governadas pelas que gostam.
Tirem suas próprias conclusões.
Postado no http://cogitoergosum.zip.net em 10/06/2005.
Diálogos da Classe Média I - Racismo
- Você viu a filha da Luzia???
- O que aconteceu???
- Ta namorando com um preto, menina! Você não soube?
- O quê...!!!??? Não acredito! Coitada da Luzia, como ela está? E o Geraldo?
- Ah, arrasados, né, minha amiga, arrasados. Imagine você. Agora você tem uma filha, dá tudo do bom e do melhor, faz das tripas coração pra criar e o que recebe em troca? Ela vai e se engraça com um pretinho???
- Nossa, se fosse na minha família não sei o que eu faria... Um absurdo, um absurdo.
- Ué, Maria, mas não foi sua sobrinha que casou com um político corrupto que está preso?
- Ah sim, mas veja você, ele é de família boa, viu, tradicional... e o que ele fez não foi crime nenhum, todos os políticos têm que ter um caixa 2, oras.
- Ah, sei...
- Mas voltando o assunto, o que faz o crioulo da vida? É lixeiro? Traficante? Ou é vagabundo mesmo?
- Ah, o rapaz é dentista.
- Dentista??? Meu Deus do céu, mas dentista por onde? Veja você, antigamente não era qualquer um não que tinha título de doutor assim. Tinha que ser de família tradicional, de boa família! Hoje qualquer pé de chinelo se forma por aí.
- Á verdade, é por isso que eu digo que esta juventude está perdida.
- Concordo com você! Que vergonha!
Diálogos da Classe Média
Pro Grupo de Leitura e Reflexão li um texto desta brilhante filósofa que me fez rir muito... O texto se chama “Um retrato sem retoques da classe média brasileira” (in Revista Pau-Brasil no 9, Nov/dez, 1985). É incrível como, através de diálogos, ela conseguiu reproduzir tantos traços de hipocrisia da nossa classe média, eu lia e ria, boba com o fato de já ter ouvido frases como aquelas inúmeras vezes ao longo da minha vida.
Então tive a idéia de escrever esporadicamente aqui no BLOG alguns pequenos diálogos que traduzem de maneira fiel o que é nossa classe média. Sinto-me livre e capaz para fazê-lo. Livre pelo fato de fazer parte do objeto, o que acredito que me dê maior liberdade para criticá-lo e também capaz pela experiência do olhar distanciado e de estranhamento que a fantástica Antropologia me ensinou a ter.
Os diálogos não refletem a minha opinião, mas representam frases que já ouvi ou são inspiradas em situações que já presenciei. Acredito que muitos dos diálogos serão familiares para muitos dos amigos leitores.
Vamos colocar o dedo na ferida?
Postado no http://cogitoergosum.zip.net em 01/06/2005.
Homossexualidade - mamãe e mamãe, papai e papai
Queria falar um pouco sobre o homossexualidade hoje.
Na minha opinião o casamento entre casais homossexuais deve ser regulamentado e ponto final. A adoção de crianças por casais homossexuais também era algo em que eu acreditava (porém, não com tanta certeza quanto em relação ao casamento dos mesmos).
Na semana passada vi um comercial na GNT sobre uma série de documentários que irão ao ar sobre o tema da homossexualidade. Na propaganda uma cena me chamou a atenção... um menininho, no meio dos pais homossexuais, insistia em dizer “mamãe” enquanto os pais repetiam “papai e papai”... Eu sempre achei que tanto a classe social quanto a idade ou sexo dos pais não eram determinantes na criação dos filhos, mas sim a consciência dos pais e o tipo de educação e suporte que estes seriam capazes de dar aos seus filhos.
Depois de ver aquela imagem uma série de questões passaram a formigar na minha cabeça. Não digo que passei a ser contra a adoção de crianças por homossexuais, mesmo até porque não tenho conhecimento o suficiente para dizer isso, mas passei a me questionar sobre o que esta estrutura familiar diferente da convencional poderia trazer para o universo da criança.
Hoje a homossexualidade é mais aceito na sociedade, mas preconceito ainda existe e seria hipocrisia dizer que não. Num certo momento decidiram que homossexualidade seria pecado, doença mental, aberração (vale destacar aqui o papel da Igreja Católica nesta definição)... Hoje não é mais visto desta maneira, pelo menos oficialmente, mas ainda há muito que se caminhar nessa direção. Afinal, mudar uma mentalidade que existe há séculos não é algo fácil, sobretudo numa sociedade como a brasileira.
Então fiquei pensando... será que se a homossexualidade já fosse algo mais incorporado à sociedade, isto é, visto com naturalidade e como algo banal em nosso cotidiano, bem como a família constituída na base homossexual, essas crianças também encarariam o fato de outra maneira? Mas daí me vem o questionamento: como essas crianças encaram esse fato? Será que isto altera a formação deles, isto é, será que esta formação será diferente da adquirida por crianças filhas de casais heterossexuais? Se sim, por que? Em que?
Se alguém conhecer pesquisas sobre o assunto, tiver alguma opinião a respeito ou, melhor ainda, se estiver vivendo ou tiver vivido essa experiência ou conhecer alguém que vive ou viveu esta experiência peço que, por favor, ajude com informações que possam colaborar para que eu consiga estruturar essa questão na minha cabeça... Quem sabe não existem mais pessoas com a mesma dúvida?
Postado no http://cogitoergosum.zip.net em 29/05/2005.
Accountability
Em Ciência Política existe algo que chamamos de accountability, que seria algo como “prestação de contas”, apesar de este termo não traduzir completamente aquele. Accountability seria a prestação de contas por parte dos governantes aos cidadãos, e a existência de mecanismos institucionais de cobrança no caso do não cumprimento de seu papel por parte dos governantes.
Os cidadãos têm a liberdade de se associar e se expressar, de acordo com a carta dos Direitos Humanos, e estes direitos são assegurados, no Brasil, pela Constituição. Um dos mecanismos de participação dos cidadãos nas decisões políticas seriam os Conselhos. Podemos falar aqui, também, das ONG´s e associações em geral.
A verdade é que estes dispositivos me causam uma sensação dúbia. Ao mesmo tempo em que tenho a sensação de que são subaproveitados e não funcionam como deveriam, também tenho a sensação de que “pelo menos” existem. Isto é, existe o interesse de pelo menos algumas pessoas e, como não poderia deixar de ser em uma Democracia, temos acesso a eles.
Digo que são subaproveitados porque a grande maioria das pessoas não participa de nada do tipo e sua eficácia fica, freqüentemente, muito abaixo do desejado. Os Conselhos muitas vezes não funcionam como um contra-peso do governo pois, muitas vezes, o próprio secretário da área é o presidente do conselho. Além disso, raramente esses Conselhos realmente influenciam nas decisões de políticas publicas. No que se refere às ONGs e às associações, ainda podemos perceber traços fortes e persistentes do assistencialismo que caracterizava as antigas obras de caridade realizadas pela Igreja e pelas esposas de homens ricos e influentes da sociedade. Não digo que uma ação assistencialista não deva ser desenvolvida, pois existem parcelas da população que realmente carecem desse tipo de trabalho. Porém, na minha opinião, ONG´s e associações que trabalhem com a cidadania e a questão da consciência política e direitos estão, absolutamente, em falta.
Por onde e como estimular o interesse dos cidadãos pelas questões públicas?
Postado no http://cogitoergosum.zip.net em 27/05/2005.
Alexis de Tocqueville
"Eu, por mim, digo que, para combater os males que a igualdade pode produzir, só existe um remédio: é a liberdade política"
Autor: Alexis de Tocqueville
Tocqueville é um autor cuja obra admiro muito e cujas idéias influenciam muito a visão que tenho de certas coisas. Filho da aristocracia burguesa, este francês nasceu em 1805 e faleceu em 1859. Passou o período de quase um ano nos EUA (1831 - 1832) e esta experiência rendeu a obra "A Democracia na América". Naquele momento ele apontava traços que viriam a fazer dos EUA uma das maiores potências mundiais, e a visão de trabalho e organização política adotada por eles teria um papel fundamental nisso tudo. Não sou estudiosa de Tocqueville, mas a importância atribuída em sua obra à organização dos indivíduos, no que se refere à política, me chama muito a atenção. Falemos especificamente do Brasil... as pessoas gostam muito de reclamar da política, de atribuir todos os males da sociedade aos políticos, "lavando as mãos" no que se refere aos acontecimentos políticos. Ora, mas se cada um não se preocupar com o que é seu, quem irá se preocupar, o presidente? Não quero dizer que os políticos não devam zelar pelas questões políticas, eles tanto têm essa obrigação, que seus cargos são pagos, ou seja, a política é sua profissão. No entanto, quando falamos de uma empresa, os interessados estão sempre analisando seus funcionários, vistoriando seus passos. Mas e nesta grande "empresa" que recebe o nome geral de País, quem vistoria o trabalho dos "funcionários" da classe política?
Postado no http://cogitoergosum.zip.net em 25/05/2005.
Primeira manifestação!
Depois de 3 anos estou voltando a estudar os assuntos de Ciências Sociais, especificamente Ciência Política, para prestar meu Mestrado este ano. E isso faz a gente pensar tanto... tanto...
O fato de ter estudado sobre e ter trabalhado um pouco com ONG´s e também de ter trabalhado com Pesquisa de Mercado que, de um modo ou de outro, leva em consideração a opinião das pessoas, também me ajudou a pensar sobre várias coisas... O trabalho com Grupos de Leitura e Reflexão também... Vou tentar organizar minhas idéias aqui, sobre política, religião, sociedade e, eventualmente, marketing.
Vamos pensar?
Postado no http://cogitoergosum.zip.net em 25/05/2005.